Médico não é afastado do HSJ mesmo confessando que cobra ´Taxa Prioridade´

Hospital São José
JBO

Nem a condição de prestador de serviço do hospital, nem a confissão de que recebia dinheiro de pacientes para privilegiá-lo na fila de atendimento do SUS foram suficientes para afastar o médico Paulo Bittencourt das suas atividades no Hospital São José, em Ilhéus. Protagnoista de uma grave denúncia que será investigada pela Santa Casa e acompanhada pelo Cremeb (Conselho Regional de Medicina da Bahia), o médico continua a trabalhar livremente na unidade. Só não fala com a imprensa e diz que só se pronunciará sobre o recebimento do dinheiro ilegal depois que conversar com os seus advogados.

O médico e colega Eusínio Lavigne, provedor da Santa Casa de Misericórdia de Ilhéus, não deu sinais, durante uma entrevista à TV Santa Cruz, autora da denúncia do pagamento da "Taxa Prioridade" do SUS, de que vá afastá-lo. "Ele não é funcionário da casa", disse. "É precipitado", completou. E daí? Não seria melhor ainda? Afastar um prestador de serviço e apurar se ele cometeu algum tipo de absurdo que fira o seu contrato e a imagem da instituição?

O Jornal Bahia Online apurou que desde que a emissora denunciou a cobrança da taxa, numa excelente reportagem da jornalista Karen Póvoas, o telefone da emissora não para de tocar. Outros casos envolvendo o médico estão vindo à tona. Ontem à noite a emissora voltou a lembrar a denúncia apresentando mais uma mulher que teria sido "vítima da cobrança". Mãe de três crianças e no nono mês de gestação, a intenção dela era, logo após o parto, efetuar uma ligadura de trompas. Tudo pelo Sistema Único de Saúde. Mas o medico, segundo a gestante, teria lhe cobrado uma "taxinha" de 400 reais para fazer a intervenção cirúrgica.

Longe também de achar que o pagamento duplo acontece apenas no Hospital São José. Em emissoras de rádio local, ouvintes denunciaram que esta é uma prática comum em muitos hospitais e clínicas da cidade. O problema é que, por enquanto, não houve flagrante. E vale lembrar que a cobrança da "Taxa Prioridade", não resulta na emissão de uma nota fiscal ou recibo. O que dificulta a investigação.

Na manhã de hoje, em entrevista ao Bom Dia Brasil, o médico Otávio Marambaia, membro do Cremeb, disse que o médico que continua a atender pacientes em Ilhéus poderá receber desde uma advertência privada à pública, caso as denúncias sejam confirmadas. Neste caso, ele também poderá ter o seu registro suspenso parcialmente ou definitivamente.